Uma das grandes lições que eu aprendi no livro sobre o Jürgen Klopp, escrito por Raphael Honigstein, foi uma passagem onde o escritor conversa com o Peter Krawietz, braço direito de Klopp há anos.
Peter conta que ao chegarem na Inglaterra, quando Klopp assumiu o Liverpool, percebeu que os torcedores eram muito rápidos para avaliarem os defeitos de um jogador. Em contrapartida, eram muito lentos para reverem seus pontos de vista, mesmo quando confrontados com fatos que lhes mostrassem o contrário.
Ou seja, quando a torcida não gostava de um jogador, isso acontecia de imediato, e mesmo que esse jogador tivesse excelentes atuações, dificilmente os torcedores mudariam de opinião.
“Uma vez que se convenceram, por exemplo, de que um goleiro é uma merda, ele permanece sendo uma merda para sempre; vão esperar o tempo que for necessário até que ele cometa um erro e então dirão: ‘Está vendo, nós avisamos’. É uma profecia autorrealizável.”
Peter Krawietz
Essa avaliação duvidosa extrapola o universo dos torcedores ingleses. Principalmente aqui no Brasil, ela invade o de alguns comentaristas, jornalistas, e até mesmo dirigentes. Afinal, estamos todos sujeitos a cometer injustiças em nossas avaliações.
Influência e Responsabilidade
O grande problema é a responsabilidade. Um torcedor tem o direito de avaliar errado, afinal ele não toma decisões pelo clube, ou pelo menos não deveria. No entanto, profissionais do futebol não podem se dar ao luxo de julgar com base em gostos pessoais, ou pelo menos não deveriam.
Mas, infelizmente, é o que mais acontece!
Portanto, quando você ouvir que determinado jogador (ou treinador) é “horrível”, “patético”, saiba que são palavras dignas de quem comenta com base na profecia autorrealizável.
Atletas e técnicos têm trabalhos bons e ruins, atuações inesquecíveis e esquecíveis. Porém, pode ter certeza que nenhum deles passou pelo “inferno” de ser revelado para o futebol por acaso.
É óbvio que todos tem seus méritos, bem como pontos a serem melhorados. Ninguém é perfeito!
Dessa maneira, existe outro movimento que acontece muito, e é justamente o oposto: a idolatria que também cega.
Da mesma forma que alguns fecham os olhos para os pontos positivos, aguardando os problemas para criticar, há quem feche os olhos para os problemas, aguardando os pontos positivos para idolatrar.
Onde eu quero chegar com isso?
O fanatismo cega! Tanto para quem é fanático em criticar, quanto para quem é fanático em idolatrar.
Respeito, humildade e bom senso não fazem mal a ninguém.
Grande abraço e até a próxima!