A bola sai pela linha de fundo em escanteio. Todos os defensores vão para a área, e o cobrador bate o escanteio curto. Boa parte da torcida já se prepara para xingar, quando de repente, após uma boa jogada ensaiada, sai o gol.
Sem dúvidas, essa cena poderia ser mais frequente. No entanto, existe uma corrente que se reforça a cada dia, demonizando os escanteios curtos. Uma das questões que eu mais respondo é por que alguns times insistem nesse tipo de cobrança.
Certamente, como tudo no futebol (e muito provavelmente na vida), a resposta é: depende. Uma vez que as situações não podem ser padronizadas de maneira rasa, e depois extrapoladas para toda e qualquer cobrança de escanteio. Cada lance tem suas peculiaridades, e isso faz toda a diferença.
Dessa forma, resolvi fazer essa análise para advogar em defesa do escanteio curto. Reforçando que muitas vezes sair trocando passes pode sim ser uma alternativa interessante.
Obviamente, isso é apenas mais uma alternativa que uma equipe pode adicionar ao seu cardápio de táticas. Ela não exclui as cobranças de escanteio direto para a área.
O fato de eu defender um tipo de cobrança, não necessariamente me coloca contra o outro. Em diversas situações os cruzamentos também podem ser uma excelente alternativa.
Assim sendo, a melhor forma de ilustrar esse conceito é levantando os prós e contras de cada tipo de cobrança. Para que dessa forma possamos refletir sobre as duas possibilidades e como elas se enquadram melhor em cada situação.
Cobertura da bola na origem da jogada
Talvez a maior vantagem de cruzar a bola na área direto, seja por conta da liberdade na origem da jogada. Não existe nenhum adversário cobrindo a bola no momento da cobrança. Isso confere total liberdade ao cobrador, aumentando as chances de acertar o cruzamento no destino desejado.
Ou seja, fazendo uma comparação rápida, em um cruzamento de bola rolando, existe a possibilidade do adversário pressionar o portador da bola, e dificultar a jogada.
Assim, esse ponto deve ser considerado na hora de uma equipe optar pelo escanteio curto. A partir do momento que o escanteio é cobrado, o adversário pode se movimentar para cobrir a bola e dificultar a origem da jogada.
Encaixe de marcação dentro da área
Uma das vantagens da defesa no início da jogada, é ter a possibilidade de se organizar com o jogo parado. Portanto, na maioria das vezes a defesa tende a levar vantagem na hora de rebater a bola, quando o escanteio é cobrado direto.
Seguramente, esse ponto deve ser considerado. Caso a defesa, individualmente, tenha bons rebatedores, e leve vantagem nas disputas de jogo aéreo. Insistir nos cruzamentos diretos, pode se transformar em um grande problema.
Em contrapartida, talvez um dos maiores objetivos das cobranças de escanteio curto, seja bagunçar a marcação dentro da área. Uma vez que a bola está em jogo, os defensores passam a ter o foco de atenção dividido.
Logo, existe a possibilidade da criação de espaço dentro da área que no início da jogada parada não existia.
Escanteio Curto x Escanteio Longo
Resumidamente, é importante avaliar dois pontos de interação tática entre as equipes.
Primeiro quem tende a levar vantagem nas disputas aéreas. Quando a vantagem é da defesa, escanteios longos podem ser uma forma de devolver a posse de bola para o adversário, e muito provavelmente alimentar seu contra-ataque.
Contudo, quando a vantagem é do ataque, insistir nos cruzamentos diretos para a área pode ser um bom caminho para se chegar ao gol.
O segundo ponto é em relação ao entrosamento do time. Caso o time tenha boas jogadas ensaiadas para conseguir garantir espaço na origem da jogada e movimentações para criar espaços para finalização, escanteios curtos podem ser uma boa alternativa para escapar da inferioridade no jogo aéreo.
Enfim, como tudo no futebol, a tomada de decisões depende de cada jogo, das características individuais dos jogadores e sem dúvida da interação tática entre as equipes.
Nesse contexto demonizar o escanteio curto é apenas nos privar de uma alternativa tática poderosa.
Grande abraço e até a próxima!