Expected Goals (xG), ou gols esperados, é um termo cada vez mais popular no futebol.
Inclusive, muitas transmissões colocam essa estatística ao lado do placar da partida. Em breve, poderemos ver o xG nas transmissões dos campeonatos aqui no Brasil.
Aliás, já é um termo utilizado há um bom tempo no futebol mundial. Mas existem alguns cuidados que você deve considerar ao analisar essa estatística.
Portanto, nesse artigo eu vou explicar o que é Expected Goals (xG), como ele é calculado, quais são seus problemas, e quando ele pode ser útil.
Boa leitura!
O Que é Expected Goals (xG) ou Gols Esperados?
É a probabilidade de uma finalização resultar em gol.
Tão simples quanto isso!
Então, quando um jogador tenta uma finalização, os analistas do xG coletam informações sobre ela, e calculam sua chance de gol.
O primeiro ponto de atenção é: existem diferentes maneiras de calcular o xG. Cada cientista do futebol pode criar um modelo próprio para julgar as chances de uma finalização terminar no fundo do gol.
Os modelos tradicionais básicos adotam critérios como: distância, ângulo, cabeçada ou chute, perna dominante, situação de jogo, pressionado ou livre, e por aí vai.
A partir disso, cada modelo processa de formas diferentes essas informações, mas o objetivo final é o mesmo, chegar a um número decimal entre 0,0 e 1,0.
Então, por exemplo, um xG=0,5 significa que a chance daquela finalização resultar em gol é de 50%.
Quando o Expected Goals (xG) Pode Ser Útil?
Nas transmissões dos campeonatos europeus o xG está sempre presente. Mas para que ele serve? Em que esse número pode ser útil?
Bom, diferente do que muitos pensam, a Expectativa de Gols não é calculado antes da partida começar. Ou seja, ela não é uma previsão do resultado.
Portanto, quando você vê o xG ao lado do placar de uma partida não quer dizer que eles já sabiam aquele número.
O xG é calculado durante a partida, somando a probabilidade de gols de todas as finalizações de cada time.
Métrica de Eficiência das Finalizações de uma Equipe
Por exemplo, a imagem abaixo apareceu no intervalo da partida entre Bayern e Leipzig. Então, ao longo do primeiro analisaram as finalizações, e calcularam o xG de cada uma delas.
A somatória do xG das finalizações do Bayern foi igual a 0,74. Enquanto as do Leipzig resultaram em 0,84.
Dessa maneira, a maior utilidade de se calcular os gols esperados é descobrir a eficiência de equipes e jogadores.
Quando os gols da equipe ficam abaixo da expectativa de gols, isso pode indicar que seu aproveitamento foi baixo, e vice-versa.
No exemplo acima, o Bayern teve uma eficiência baixa. Já o Leipzig foi extremamente eficiente e marcou gols em finalizações onde as chances eram baixas.
Métrica da Eficiência de Jogadores
Comparar jogadores com uma referência padronizada é outra utilidade dos Expected Goals.
Se você calcular o aproveitamento de gols de um jogador em relação ao número de finalizações, esse número não vai ser muito útil para comparações.
Isso porque cada finalização tem suas características, alguns jogadores podem marcar mais gols com menos finalizações por estarem em melhores condições ao finalizar.
É aí que entra a probabilidade dos Gols Esperados.
Então, uma alternativa é comparar a eficiência dos jogadores calculando seu aproveitamento de gols em relação a soma do xG de todas as finalizações.
A imagem acima é um levantamento dos principais jogadores considerando a eficiência nas finalizações.
Então, nem sempre um jogador que marca muitos gols é o mais eficiente.
Um dos maiores benefícios de analisar os Gols Esperados é descobrir quais jogadores apresentam uma performance acima ou abaixo da média.
Cuidados com o Expected Goals (xG)
Uma consideração importante que você deve fazer é que alguns dados que alimentam o cálculo são interpretativos.
Em outras palavras, diferentes pessoas analisando (com o mesmo método), podem produzir resultados diferentes para o xG.
Além disso, alguns fatores são muito difíceis de serem padronizados, e contribuem diretamente para as chances do gol sair ou não.
Por exemplo, o nível técnico do goleiro e dos defensores que podem bloquear uma jogada. Essa é uma realidade muito difícil de ser quantificada e abordada nesse cálculo.
Isso faz com que o desvio padrão seja muito alto. Então, geralmente o xG exige uma margem de erro muito grande.
Assim, considerando o erro, a previsão acaba sendo um intervalo muito grande.
Algumas partidas apresentam o xG aceitável como um intervalo entre 0 e 4 gols. E, por motivos óbvios, algo assim para uma partida de futebol está longe de ter uma assertividade muito precisa.
Características Individuais dos Jogadores
Outro ponto que muitas vezes é desconsiderado é o simples fato de que atletas diferentes têm maior facilidade com finalizações em regiões diferentes do campo.
Considere uma finalização de fora da área.
Obviamente alguns atletas terão muito mais chances de fazer um gol do que outros, conservando as mesmas características daquela finalização.
Isso porque as características individuais do batedor são diferentes. Portanto, um bom chutador de fora da área deveria ter um xG muito maior do que um ruim.
O mesmo vale para uma situação de cabeceio, e etc. Mas isso acaba ficando de fora da maioria dos modelos de Expected Goals.
O Impacto do xG no Futebol
Uma interpretação fria dos números pode ser um enorme convite ao erro.
É importante saber o que uma estatística no futebol nos mostra. No entanto, ainda mais importante é saber o que ela esconde.
Observando um mapa de finalizações podemos concluir que não é muito vantajoso finalizar de fora da área.
Mas será que é assim mesmo?
Aqui eu considero um ponto relevante a interpretação básica do jogo: “futebol é uma cadeia de eventos”.
As finalizações não podem ser isoladas dos seus desdobramentos. Leia o artigo sobre o Mapa do Futebol para entender melhor esses desdobramentos.
Não Vale a Pena Arriscar de Longe?
Uma finalização de longa distância, mesmo apresentando um xG baixo, pode se desdobrar em um rebote. Ou ainda, em um desvio, ou um escanteio.
Portanto, buscar única e exclusivamente maximizar o xG pode ser uma estratégia ruim.
O xG ajuda a contar um pequeno pedaço da história do jogo. Mas limita-se aí, sendo apenas um fragmento da realidade.
A profundidade da informação sempre foi, e sempre continuará sendo a mesma: avaliar o lance em si.
Não apenas a situação e seus desdobramentos, como também os jogadores envolvidos.
Fazendo isso, você concluirá que as finalizações de média distância devem continuar sendo tentadas, desde que inseridas em um contexto estratégico eficiente.
Grande abraço e até a próxima!