Começou o Dinizismo na seleção brasileira!
Mesmo com uma filosofia completamente diferente do seu antecessor, a seleção está diante do mesmo problema.
Ao longo desse texto você vai entender porque a filosofia de jogo do Diniz, vai produzir problemas muito parecidos com os da seleção treinada por Tite.
Eu sei, ainda é cedo, é apenas o segundo jogo.
Mesmo assim, eu te convido a acompanhar um raciocínio que tem todos os ingredientes de uma tragédia anunciada.
Isso se a rota não for corrigida a tempo.
Boa leitura!
Diniz e o Resgate da Alegria de Jogar
Você já deve ter visto o Fernando Diniz dizer que busca resgatar a alegria dos seus atletas em jogar futebol.
Portanto, na seleção brasileira, não poderia ser diferente. Logo nas primeiras coletivas, Diniz deixou claro que esse também seria o tom do seu novo trabalho.
Mas o Diniz da seleção é um Diniz inserido na hierarquia da seleção, e ele não ocupa o topo da cadeia.
Mas o que poucos percebiam, é que são esses jogadores que têm a humildade de reconhecer a necessidade de evolução.
Portanto, os primeiros passos de Diniz na seleção mostraram que talvez seja mais fácil adotar seu estilo explosivo, quando é preciso gritar com o Tchê Tchê.
Já quando as cobranças tem que ser feitas a Casemiro, Neymar e cia…
Neymar é o Líder Indiscutível
Considerando o elenco atual da seleção brasileira, Neymar é o líder indiscutível, a referência dos outros atletas.
Isso significa que quando o Neymar se movimenta em campo e pede a bola, ela vem.
Não importa se essa é a melhor jogada, não importa se outro jogador estava em melhores condições, nada mais importa, a bola vem.
Neymar pede a bola sempre vem.
Muitas vezes antes de ele fazer algum gesto, a bola vem.
Foi assim com Tite, está sendo assim com Diniz.
Natural, ele é a referência.
Agora, se você já viu nossa análise sobre a eliminação do Brasil de Tite para a Croácia, você já sabe que isso pode ser um enorme problema.
Neymar no Esquema do Diniz
Se no esquema de Tite, Neymar recuava o tempo todo por fora do bloco de marcação, para iniciar jogadas pela esquerda, no esquema de Fernando Diniz ele tem ainda mais liberdade para circular pelo campo.
Afinal, faz parte da filosofia de jogo do Diniz.
Cada jogador usa a liberdade em busca de vantagens, alguns preferem circular entre as linhas, outros mais espetados nas defesa, outros optam por mudar de profundidade.
No caso do Neymar, geralmente ele vai recuar por fora do bloco para armar jogadas.
O Tite sabia disso, e deixou claro que apostaria em um “único acerto”.
Acerto esse que até aconteceu, mas que não foi o suficiente, e o Brasil acabou eliminado pela Croácia.
O Problema da Liberdade de Neymar
O raciocínio é bem simples, se o Neymar aparece o tempo todo por fora do bloco pedindo a bola, o que acontece?
A bola vem.
E com o Neymar recebendo por fora do bloco, o que acontece?
É ele quem decide qual jogada será tentada. Ou seja, como a seleção vai acelerar o jogo.
Neymar aparece, pede, e erra.
Portanto, se der mais liberdade ainda para o Neymar, o gargalo ofensivo do Brasil vai aumentar na mesma medida.
Pode ser útil para ganhar da Bolívia, mas se enfrentar o Peru a coisa já fica mais complicada.
A eficiência dele nessa função é baixa.
Orientado ao Drible
Neymar é um atleta orientado ao drible. Quando ele recebe a bola, primeiro olha seu adversário querendo driblar. Segundo, levanta a cabeça e procura uma opção para armar.
São orientados o tempo inteiro a procurarem desdobramentos de jogadas, antes de recebê-la.
E quando a bola vem, um tapa coloca um companheiro em boas condições, seja um passe rápido, um lançamento, ou até mesmo um drible.
Esse é o verdadeiro armador.
Existem jogadores completos, que driblam e armam, não é o caso do Neymar.
Como atacante ele poderia ser até hoje um dos melhores do mundo.
Como meio-campista, ou armador, nenhum time grande da Europa quis investir.
Neymar não escolheu o Al Hilal, não escolheu o dinheiro, a verdade é que nenhum grande clube o quis.
O Problema da Liberdade de Neymar na Seleção
Neymar precisa de um amigo verdadeiro que lhe faça entender onde ele rende mais.
Digo “amigo” porque ele não lida bem com críticas. Nem mesmo com as construtivas baseadas em fatos.
Está sempre na defensiva.
Alguns jogadores se dão bem com liberdade de movimentação, pois procuram as jogadas que lhes favorecem. Outros acabam se dando mal, pois decidem errado, e procuram as jogadas que lhes desfavorecem.
Neymar pode continuar sendo o ator principal da seleção.
Mas para que o Brasil volte a ser o ator principal do futebol mundial, talvez a liberdade de Neymar seja a grande vilã.
Ao que tudo indica vamos para o terceiro ciclo de “Neydependência”, mesmo que sem precisar.
Mesmo que agora com Diniz, não seja uma “Neydependência” projetada, como foi a do Tite.
Mas a liberdade e a liderança farão com que isso aconteça naturalmente.
Grande abraço e até a próxima.