Essa é a análise tática da Inter de Milão de José Mourinho. Mais especificamente, o time da temporada 2009/2010, campeão do Campeonato Italiano (Serie A), Coppa Italia e da UEFA Champions League.
Essa análise da Internazionale foi feita utilizando o modelo DRAF completo: como o time se Defende, Recupera, Avança e Finaliza.
O jogo escolhido foi a final da Champions League 2009/2010 contra o Bayern de Munique. Brilhante apresentação da equipe do técnico português vencida por 2 a 0, coroando a excelente temporada.
Inter de Milão Sem a Bola
Primeiramente vamos entender o comportamento da Inter de Mourinho na hora de se defender e recuperar a posse de bola.
O desenho defensivo base da equipe era o 4231, como podemos observar na imagem abaixo.
Inter de Mourinho Sem Bloco Alto
Antes de mais nada, é importante reforçar que a equipe abria mão de marcar em bloco alto. Não fazia em momento algum do jogo a marcação pressão.
Certamente a Inter era muito eficiente na execução dessa tática. Mesmo tendo um grande volume de jogo, o Bayern de Munique conseguia apenas trocar passes por fora do bloco da Inter. Ou seja, toda vez que tentava uma jogada mais aguda de finalização, perdia a posse de bola e acabava por alimentar o contra-ataque da equipe de José Mourinho.
Triângulo do meio campo
Sem dúvidas, a primeira particularidade desse posicionamento, ou a principal variação desse 4231 base da Inter, era o triângulo do meio de campo.
Quando o time se organizava, Zanetti e Cambiasso recuavam mais e Sneijder ficava mais a frente compondo a linha do primeiro combate. No entanto, repetidas vezes um dos volantes subia para a linha do primeiro combate, praticamente transformando o 4231 em um 4141, por isso digo para nunca ficarem presos a números.
Isso acontecia por dois motivos. Primeiramente, como os extremos ficavam o tempo todo bem abertos, o Sneijder acabava com uma área de campo muito ampla para cobrir pelo meio, em uma região do campo muito perigosa. Dessa forma, um dos volantes subia para aumentar a amplitude dessa linha.
Além disso, o Bayern de Munique armava com dois volantes, Van Bommel e Schweinsteiger, e para não deixar um dos dois livres, esse triângulo do meio campo estava o tempo todo girando para cobrir esses espaços.
Encaixe individual nas laterais
Similarmente, pelas laterais esse encaixe de marcação individual também era promovido. Principalmente pela esquerda da defesa, onde o Roben tentava suas jogadas mais verticais. Como podemos ver na imagem abaixo.
Toda vez que ele recuava para tentar receber um passe com mais espaço, o Chivu abandonava a linha defensiva para diminuir o espaço.
Assim, quando o passe chegava a marcação já estava pressionando, impedindo que um jogador habilidoso recebesse com espaço e partisse para cima da linha defensiva com a bola dominada.
Extremos recuados
Forte jogo aéreo
Uma das principais vantagens desse sistema defensivo era o fortíssimo jogo aéreo. Mesmo que adotasse o posicionamento e paciência e deixasse um pouco mais de liberdade na origem da jogadas para lançamentos e cruzamentos, quando essa bola chega na área por cima, a Inter conseguia neutralizar.
Com dois laterais altos, Maicon e Chivu, o time apresentava uma sólida linha defensiva para proteger contra as bolas alçadas. Não só a altura dos jogadores de linha como também a boa saída do gol do Júlio César, também contribuía para a eficiência dessa tática.
Inter de Mourinho Com a Bola
Agora vamos entender o comportamento do time quando conseguia recuperar a posse de bola.
Em suma, a proposta de jogo era muito clara: verticalidade!
Essa é a melhor descrição para a Inter de Mourinho quando tinha a bola, tentar sair em velocidade sempre em direção ao gol adversário.
Sneijder desafogando
Para que isso fosse possível, o time precisava de um meia de ligação extremamente talentoso e eficiente: Wesley Sneijder.
Para isso se movimentava com muita inteligência, buscava os espaços para receber livre, suportava pressão, e fazia passes rápidos para garantir que essa saída fosse em velocidade.
Além de, claro, invadir a área para finalizar e usar seus chutes de longa distância.
Milito válvula de escape
Na grande maioria das vezes, para sair de trás, a Inter buscava seu homem de referência, Diego Milito.
Baixa exposição
Outra característica importante da equipe sem a bola, era o baixo nível de exposição. Poucos jogadores saíam para tentar atacar, na maioria das vezes o time saía com quatro, no máximo cinco.
Assim, a prioridade era sempre manter a zona de guerra principal bem postada com seis jogadores atrás da linha da bola. Principalmente quando o time já estava com a vantagem no placar.
Contra-ataque mortal, muita verticalidade mesmo quando o desenho adversário estava fechado, descrevem a estratégia ofensiva de José Mourinho nessa equipe que marcou época.
O time não tinha medo de perder a bola, pois confiava no seu sistema defensivo. Primeiro para bagunçar o adversário, atraí-lo para o seu campo, e segundo recuperar a bola e sair em velocidade.
Grande abraço e até a próxima!